OITAVA LIÇÃO - PERSPECTIVA!!! |
PERSPECTIVA
Finalmente, para alguns, as lições apresentarão um nível maior de dificuldade, pois com esta lição, damos início às técnicas avançadas de desenho. Tudo isso porque após a lição de perspectiva, poderemos aprender a lição de sombra, e, após esta, a lição de arte-final (utilização de nanquim). Uma lição é premissa da seguinte.
Então, comecemos. Todos temos idéia da noção de profundidade, uma vez que somos seres tridimensionais que habitam em um espaço tridimensional. A noção de perspectiva traz para o papel (pelo desenho) a profundidade que vemos na vida real. Sabe-se que, na vida real, dois objetos de mesmo tamanho parecem diferentes, conforme estejam perto ou distante. Quanto mais longe o objeto, menor ele "parecerá". Este é o princípio fundamental da perspectiva. Sem esta noção, veríamos um amontoado de linhas no papel que não representariam o espaço, já que o papel é plano (curiosamente, os cães não conseguem "enxergar" profundidade em um desenho no papel ou em uma tela de televisão: imagine-se nessa situação). Também, se você fechar um dos olhos, sua visão de profundidade ficará bem prejudicada.
Partindo-se dessa idéia, ensinarei algumas técnicas de perspectiva (de minha experiência) que vai nos permitir desenhar objetos com profundidade, e, para isso, exemplificarei, a princípio, com a forma mais básica tridimensional: o cubo. Todos já nos utilizamos de um dado. Veja a figura abaixo: a) se você colocar um dado bem na frente de um olho (com o outro fechado), ele parecerá com a fig. 1. b) inclinando um pouco para baixo, ficará como na fig. 2 e um pouco para cima a fig. 3. c) inclinando para baixo e para o lado ficará como a fig. 4 e para cima e para o lado, como na fig. 5. Técnica: repare que os lados do dado ficam achatados, portanto qualquer desenho ou forma escrita no lado ficará achatada, isto é, repare nas bolinhas que representam os números: a da frente é redonda, a dos lados e bem ovalada, conforme a curvatura do dado.
Vamos às técnicas: Para desenhar em perspectiva, precisaremos, no início, de duas coisas: a frente do objeto que se dará a perspectiva e a "linha do horizonte" (ou altura dos olhos do desenhista), como na fig. 6: objetos acima da linha do horizonte serão vistos de baixo e objetos abaixo da linha do horizonte serão vistos de cima. Além disso, como na fig. 7, dos objetos que estão na linha do horizonte, sua parte de cima será vista de baixo e a parte debaixo será vista de cima. Tendo estes dois elementos, deve-se adicionar mais um, o chamado "ponto de fuga" (fig. 8). O ponto de fuga é um ponto na linha do horizonte escolhido pelo desenhista, para o qual os objetos alinhados projetarão sua profundidade. É como um ponto no infinito de onde o objeto poderia começar.
Tendo a frente do objeto, a linha de horizonte e o ponto de fuga, começa-se o desenho: 1- A partir das bordas (cantos) da figura, trace linhas desta até o ponto de fuga, como na fig. 9. Serão quatro linhas pois o objeto tem, neste caso, quatro cantos. Como o objeto não é transparente, descarta-se a linha que segue a pontilhada. Na fig. 10, você deve desenhar os outros dois lados do cubo (desenhados de forma mais forte), paralelos ao lado de que sai (veja a flecha indicando as linhas paralelas). Pronto, já se tem uma perspectiva. Isso porque todos sabemos que os lados do dado são do mesmo tamanho, mas, no desenho, as medidas dos fundos do dado serão menores que as da frente (mais longe, menor). A fig. 11, mostra que não importa a forma do objeto, a técnica de desenhar as linhas até o ponto de fuga é a mesma. Para calcular a distância que se deve colocar a linha paralela no dado, você poderia fazer algumas contas, medindo os ângulos do objeto, mas eu recomendo que você coloque a linha no lugar que você achar certo, para que pareça um dado.
Com estas idéias, já se pode desenhar, por exemplo, um galpão (fig. 12). As linhas do lado vão indicar o seu tamanho (sua profundidade). eu coloquei três linhas distintas, para indicar o tamanho de três galpões. Se não colocar linha, o galpão terminará no infinito ( Repare que a linha paralela do teto curvo também deverá ser curva. Veja a fig. 13 para entender a profundidade de um tubo com extremidades iguais. É o mesmo procedimento, com o círculo do fundo menor que o da frente, mas proporcionais. Para uma bola, porém, é diferente, já que a bola não tem extremidades. Não há como se fazer a perspectiva de uma bola (fig. 14). A diferenciação possível é a colocação de sombra para lhe dar profundidade (ver fig. 15 e lição seguinte).
Vamos agora estudar um tipo diferente de perspectiva (mais real), utilizado nos desenhos. Repare na diferença entre a figura ao lado e a fig. 10 acima. Consegue dizer a diferença?
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Esta é a mesma técnica, com a utilização de dois pontos de fuga. Serve para os objetos (todos) que não se encontram perfeitamente de frente para o desenhista (Entenda que mesmo a face 1 do dado não pode ficar completamente de frente para um olho e ao mesmo tempo, possibilitando uma visão de um de seus lados, para o mesmo olho). Não se aplica para a visão com dois olhos que dá uma natural profundidade (no papel não há essa visão).
Vamos, então à seqüência do desenho de um objeto com dois pontos de fuga. Comece desenhando a linha do horizonte, colocando dois pontos de fuga onde quiser, como na fig. 17. Também desenhe um lado do objeto (veja, não é para desenhar uma face do objeto, como antes). No caso do dado é o lado mais perto do desenhista (fig. 17). A partir desse traço (lado) faça as linhas de perspectiva a partir das extremidades do traço até os dois pontos de fuga e coloque os outros traços (lados) do cubo na distância que você achar certa, tudo como na fig. 18. Vendo a fig. 19, a partir das extremidades dos traços recém desenhados, desenhe linhas até o ponto de fuga (como o dado não é transparente, só desenharemos as linhas de perspectiva das extremidades mais altas do traço. As linhas vão se cruzar no ponto da seta, fechando o dado.
Com estas duas técnicas, você poderá desenhar qualquer figura tridimensional que quiser.Agora, uma última técnica utilizada raramente, e que exige mais cuidados é a utilização de três pontos de fuga. Esta técnica é usada só de vez em quando. A diferença é que além do objeto já estar tridimensional, o ângulo de visão que o desenhista quer dar para o leitor é diferente do normal: a visão será como se você estivesse bem de cima do objeto, ou bem de baixo dele. Vejamos o modo de fazer:
Comece fazendo a linha do horizonte, com dois pontos de fuga. Agora, coloque um ponto, representando o objeto, não uma face, nem um lado do mesmo. A partir deste ponto trace as linhas de perspectiva até os pontos de fuga (fig. 20). Desenhe mais forte os dois lados do objeto, um em cada linha de perspectiva, a partir do ponto inicial (fig. 21). Da outra extremidade dos lados, trace linhas de perspectiva até os dois pontos de fuga (como você fez da outra vez). Daí, você já tem uma face do objeto, a face de cima (desenhado mais forte). Aqui começa as novidades: ainda na fig. 21, desenhe o terceiro ponto de fuga (neste caso, na parte de baixo do desenho, com uma setinha apontando). Desenhe então novas linhas de perspectiva, a partir dos cantos da face do objeto até o terceiro ponto de fuga. Aqui você já tem idéia do que estou ensinando. Na fig. 21, imagine um elevador que sai do planeta Terra e vai até o espaço. Na fig. 22, colocamos um limite na altura do objeto. A forma de se fazer é a mesma. Agora, perceba o seguinte: quando você for fazer o lado debaixo do prédio, o certo seria como no ponto 1 e as linhas de perspectiva pontilhadas saindo desse ponto (como na fig. 23). Alguns desenhistas fazem isso, mas eu acho que fica um chão muito puxado (repare na esquina contrária do prédio). Eu prefiro fazer o lado do chão paralelo ao de cima (como na fig. 22). Acho que já fica parecendo o suficiente uma visão do alto. As linhas da janela deverão seguir ou a linha de perspectiva (uma linha para cada janela, fig. 23) ou deverão ficar paralelas (fig. 22)
Veja a utilidade dessa técnica: A fig. 24 é um homem visto de cima, utilizando a perspectiva com três pontos de fuga. Repare na fig. 25 o esquema para a construção do personagem. Uma coisa importante é a diferença entre a fig. 26 e a 27: a segunda é um copo, com a boca maior que a base (repare que os círculos são paralelos); a primeira é um tubo, ou seja, com as duas extremidades do mesmo tamanho, mas olhada com uma mais perto que a outra (por isso, elas têm tamanhos diferentes). O detalhe é que o círculo mais próximo é mais achatado (ovalado) que o outro: eles têm que ser desenhados diferentemente.
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Para terminar, mais dois exemplos das técnicas ensinadas nesta lição. À esquerda é a utilização (mais rara ainda) da perspectiva com três pontos de fuga vista de baixo para cima (com o terceiro ponto de fuga acima da linha do horizonte). É utilizado geralmente quando se quer contrapor um personagem normal a um gigante (como o galactus, no exemplo). À direita, um esboço de uma avenida com os arranha-ceús do lado, todos com um ponto de fuga (repare nas linhas da janela do prédio central) Clique nestas duas figuras para vê-las maior. Eu sei que esta aula foi dura, e aguardo as perguntas dos internautas, pois devo abrir uma seção em que compartilho as respostas que dou às perguntas enviadas para mim. Próxima lição: Luz e Sombra. |
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